segunda-feira, 27 de junho de 2011

Estilista Ronaldo Fraga

Estilista Ronaldo Fraga

                                    

Humor, ousadia e crítica social. Essas têm sido as constantes nas coleções do mineiro Ronaldo Fraga, de 36 anos, que, temporada após temporada, dedica-se a contar "histórias absurdas do homem comum", como ele próprio define.

Graduado em estilismo pela Universidade Federal de Minas Gerais no início dos anos 90, passou os anos seguintes especializando-se no exterior.

Em Nova York, cursou a Parson's School com a bolsa que recebeu por ter vencido um concurso da empresa têxtil Santista.

Em Londres, aprendeu chapelaria na Saint Martins e, junto com o irmão, abriu uma pequena produção de chapéus, vendidos nas famosas feiras de Camden Town e Portobello. Com a renda do negócio, viajou toda a Europa.

Em 1996, veio ao Brasil para participar do Phytoervas Fashion, em São Paulo, em uma das primeiras edições. O desfile "Eu Amo Coração de Galinha", colorido e alegre, surpreendeu a todos numa época em que o espírito clean ditava a moda.

Viriam mais duas participações e a volta em definitivo ao Brasil. No último Phytoervas Fashion, em 1997, com a coleção "Em Nome do Bispo", inspirada na obra do artista Arthur Bispo do Rosário, ganhou o prêmio de estilista revelação. Ainda em 1997, Fraga lançou a sua marca própria.

Na Semana de Moda - Casa de Criadores, que passou a integrar em seguida, abordou temas como a cópia no mundo da moda e religiosidade. Na derradeira participação nesse circuito, em 2000, fez uma dobradinha com Jum Nakao. Com o desfile "A Carta", ambos homenagearam um ao outro.

Em 2001, Fraga foi convidado a entrar no São Paulo Fashion Week e desde então desfila nas duas edições anuais do evento. Logo na segunda participação, as roupas para o verão 2001-2002, inspiradas em Zuzu Angel, foram indicadas como melhor coleção feminina de 2002 para o prêmio Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil.

Na edição seguinte, o estilista causou grande impacto ao apresentar as roupas de inverno em estruturas de metal com um sistema de roldanas que trocava os modelos por bonecos de madeira. Vieram, ainda, um desfile de cunho social, cujas roupas foram bordadas por presidiários, e um outro baseado no artesanato do Vale do Jequitinhonha.

A música inspirou as duas coleções mais recentes. No penúltimo São Paulo Fashion Week, o cantor gaúcho Lupicínio Rodrigues foi o mote. E em julho último, uma homenagem ao tropicalismo e ao cantor Tom Zé no desfile intitulado "São Zé". Para a primeira edição, em janeiro de 2005, o estilista promete um desfile inspirado no poeta Carlos Drummond de Andrade.

As roupas de Ronaldo Fraga são vendidas em duas lojas próprias, uma em Belo Horizonte e outra em São Paulo, e em 30 multimarcas espalhadas pelo Brasil. Seu showroom em São Paulo fica na "Lei Básica", loja de marca capixaba que Fraga é responsável pelo conceito desde 2001.

O público que procura essas roupas? "Pessoas que têm um domínio da própria história", diz o estilista. "Sejam adolescentes ou senhoras".


O estilista mineiro Ronaldo Fraga é o responsável pelo figurino de “Adorno”, do Grupo de Dança Primeiro Ato, que completa 25 anos em 2011 e estreia o espetáculo em Belo Horizonte nos dias 2 e 3 de julho, no Grande Teatro do Palácio das Artes. A parte musical é de Lula Ribeiro e Marco Lobo. 

Guto Muniz/Divulgação
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                                                  O estilista mineiro Ronaldo Fraga

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Estilista André Lima

 Estilista
André Lima



Nascido em Belém do Pará, a cidade mais importante da exuberante Amazônia, André Lima acostumou-se desde criança a conviver ao lado de uma abundância de estímulos. O garoto André vivia num casarão dominado por mulheres fortes: a mãe, professora de matemática e português, a avó, costureira e três tias. O pai, comerciante de Gurupá, vivia no vai-e-vem entre a capital e o pequeno município localizado em uma ilha no rio Amazonas, a dois dias e meio de barco. Ele vendia tecidos no interior e levava André com ele nas lojas para encomendar os cortes que comercializava.
Ainda em Belém, onde viveu intensamente a cena underground dos anos 80, sua trajetória começou a ser traçada. Em 1992 desembarcou em São Paulo e apresentou sua primeira coleção, na época masculina, no alternativo Mercado Mundo Mix, uma espécie de Camdem Town local. A experiência no streetwear o levou à direção criativa de uma das mais importantes marcas jovens do país, a Cavalera. Lá ele usou seu bom humor para brincar com ícones como Chanel, Prada e Louis Vuitton, levando o “luxo para todos”.
Em 1999, André Lima foi convidado a participar da Casa de Criadores, um evento de lançamento de novos estilistas. Seu desfile feminino de estréia contou um pouco de sua história: desde pequeno ele colecionava restos de tecidos vendidos por seu pai e com eles criou vestidos, misturando tramas e cores, embalado pela voz de Maria Bethânia, a maior cantora brasileira e grande fonte de inspiração para o estilista.
Seu trabalho autoral logo conquistou a imprensa especializada, os formadores de opinião e o mercado fashion.
Não demorou para que em 2001 André estreasse no mais importante evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week.
Em 2007, André amplia sua coleção e lança a linha Dia de André Lima com looks urbanos, confeccionados em algodão, que vem com a mesma feminilidade e o irretocável acabamento de seus glamurosos vestidos de festa. Essa linha hoje representa 50% do mix de produtos da marca, e veio permitir à consumidora usufruir do senso estético e do mix frenético do estilista também à luz do dia.
Em 2008 seu talento ganhou biografia. A “Coleção Moda Brasileira” é uma iniciativa inédita da editora Cosac Naify no mercado editorial nacional e traça um panorama da moda contemporânea produzida no Brasil no início do século 21.
Minucioso na arte da construção das roupas que cria e com referências criativas que extrapolam o universo da moda, André desenvolveu, no mesmo ano, uma linha de decoração em parceria com a Firma Casa, reconhecida pelas marcas internacionais de design que representa com exclusividade no Brasil, como Edra, Zanotta, Moooi, Baleri, e MissoniHome, além dos irmãos Campana. Partindo de uma coleção de tecidos para decoração, o mix conta também com tapetes, luminárias, sofás, puffs, almofadas, aparadores e garden seats.
Hoje é o desfile escolhido pelo evento para encerrar a temporada de moda brasileira com um show que a cada estação reafirma sua capacidade de se reinventar como criador.


segunda-feira, 20 de junho de 2011

São Paulo Fashion Week verão 2012 - desfiles do dia 18/06/2012

SPFW verão 2012 - Desfiles do dia 18/06

Ronaldo Fraga – sempre ele – encerrou a edição de verão 2012 do SPFW com um desfile emocionante em clima de carnaval dos anos 30, com direito a banda ao vivo cantando Noel Rosa e chuva de confete. Pedro Lourenço abriu o dia com um desfile intimista no bar Baretto, onde apresentou sua coleção resort com destaque para as peças lisas que revelam, ao abrir de zíperes e ímãs, imagens de palmeiras, tucanos e araras. João Pimenta chamou atenção com modelos homens desfilando roupas transparentes com brilho. Fernando Yamamoto colocou folhas secas nas cabeças das modelos e desfilou uma fofa Hello Kitty. André Lima apostou em uma coleção cheia de fendas e o modelo andrógino Andrej Pejic. O último dia teve também a Amapô, que apresentou uma alfaiataria em denim e tela, em construções de recortes assimétricos. Acabou!

 

DESFILES:

Pedro Lourenço:

 

 

 

 
 
 
João Pimenta:

Modelos desfilam com body de tule trasparente

Música, pintura e dança inspiraram o verão 2012 do designer João Pimenta. A coleção masculina tem um forte apelo conceitual, trabalhada em looks monocromáticos, em off-white, preto e prata, ou dentro da proposta colorblocking, misturando tons fortes de esmeralda, ametista, rosa e amarelo.

Conforto é a palavra-chave para a temporada, porém em shapes nada convencionais. Pimenta trabalha basicamente com alfaiataria, em costumes megamplos até os mais próximos ao corpo. Muitas peças trazem ombros derrubados e volumes ajustados por franzidos e pregas. Bonitos os casacos com espécies de capas e os coletes e faixas inpirados no smoking - roupas para dândis bem arrojados.

Interessante o trabalho de tecidos nobres e outros mais fluidos em regatas e também nos costumes. Nos materiais, muita sarja, shantung, organza de seda e tafetá. Entre as peças cênicas, pontos para os bodys em tule transparente, com bordados de flores e pássaros, em aplicações para lá de estratégicas.
Por Henriete Mirrione

 
 
 
 
 
Fernanda Yamamoto:
 
O verão da estilista Fernanda Yamamoto é composto pelo mix de formas irregulares, curvas e fios flutuandes, criando um roupa em comprimento curto e de efeito tridimensional. A peça-chave é o vestido, que carrega patchwork de materiais, como sarja com tecidos mais fluidos, estampas em xadrez e bordados em emaranhados de fios.

Destaque para a presença de Hello Kitty, tipo carimbo, em tecido com fundo de cores pinceladas, em peças com pegada um pouco mais comercial, combinadas a bordados e relevos. Nos materiais, além de sarja, crepe, malha de tricô, camurça e seda pura.

Bonito também os vestidos em formas retas, com plissados formando volumes delicados, além de ombros arrendondados e combinações em recortes sinuosos. Já os acessórios interagem com as formas orgânicas e as cores das roupas – tons terrosos, verde, azul, laranja e cinza. Assim, colares, braceletes, anéis e brincos surgem de desenhos em linhas coloridas, tramados como em um tear manual, sobre estruturas vazadas de metal.
Por Henriete Mirrione
 
 
 
 
 
 
 
 
Desfile Amapô:
 
Nesta temporada as meninas da Amapô, Carolina Gold e Pitty Taliani, viajaram para uma das praias lindas e exóticas do Havaí e, depois de curtir um lindo por do sol, se inspiraram na explosão de cores e na beleza dos corais da região para criar um verão divertido e vibrante.

O ponto forte é a contraposição de formas, às vezes muito amplas e despojadas, com volumes que geralmente nascem de pregas criadas por fechamento de botões, e recortes assimétricos que revelam a pele. Já alguns shapes são lindamente construídos em telas rígidas, em camadas de babados estruturados.

Algumas roupas mais fluidas carregam as festejadas estampas da marca, numa combinação de tons, em desenhos desenvolvidos pelo artista plástico Rick Castro  Nos materiais, telas, linhos e denim.
Henriete Mirrione
 
 

 
 
 
 
André Lima:
 
As coleções de André Lima são sempre exuberantes, inspiradas por Divas. Nesta estação, o designer explora a ideia de calças para festas, sejam elas amplas ou mais fluidas, com fendas e movimento ou em macacões soberbos. Claro, sempre em materiais nobres, com transparências, lamês, paetês brancos ou pretos.

Nos vestidos, cortes fortes, tecidos brilhantes, volumes aleatórios e laços. Shapes que vão dos curtos ao mais alongados, ou ainda brincando com comprimentos curtos e longos numa mesma peça. A pele está em evidência, seja desnudando ombros, colos ou costas. Fendas e mais fendas: laterais, transversais ou tradicionais. Enfim, um universo luxuoso e dançante que convida ao sonho.

Também uma silhueta com um ar anos 80, uma das constantes referências de Lima, além maiôs-bodys com cavas asa-delta, e uma certa pitada de mistério oriental, lá dos anos 30, acompanhados de um forte perfume art-decô, construções em alfaiataria, referências masculinas em peças ultrafemininas. Nas cores, preto, prata, branco, vermelho-sedutor e prata.
Henriete Mirrione
 
 
 
 
 
 
Ronaldo Fraga:
 
Foi com um carnaval à moda antiga que Ronaldo Fraga fez no último desfile desta temporada de verão 2012 do SPFW. O estilista mineiro foi buscar na Vila Isabel de 1930, mais precisamente no músico Noel Rosa, suas referências para a coleção. A trilha sonora, ao vivo, foi comandada pelo ator Rafael Raposo que interpretou Noel Rosa no filme "Poeta da Vila", acompanhados por músicos da escola de samba Vila Isabel.

Numa passarela imitando piso parquet, repleta de confetes, as modelos desfilaram looks em preto e branco, que faziam alusão às fantasias do carnaval da época - notadamente, marinheiro, pierrô e colombina. As referências a estes personagens eram vistas nos vivos da alfaitaria, nos plissados dos vestidos e blusas em camadas e nas estampas de saias.

A boemia que cercava a Vila Isabel dos anos 30, era vista em estampas de copos de botequim, fósforos e cartas de baralho. No sytling, acessórios que reproduziam pandeiros, violas e outros instrumentos (desenvolvidos por Marcel Juppy) ornavam as cabeças das modelos.

A estética retrô era reforçada nos bodys que remetiam às roupas de banho de então. As formas são afastadas do corpo mas esguias e alongam a silhueta. Nos shorts e calças a cintura é alta e Ronaldo explora a transparência em saias, blusas e vestidos. Seda pura, tule, algodão, linho e shantung era os principais materias da coleção, com muitas peças bordadas manualmente com paetês.

Ao fim do desfile, embalados pela banda que tocava ao vivo, os convidados se integraram ao carnaval de Ronaldo, houve chuva de confetes e a sala se transformou num grande salão de baile, do qual ninguém queria ir embora. Até Daniela Mercury saiu de seu lugar na plateia para cantar com Rafael. Uma catarse fashion embalada por marchinhas como "Estrela Dalva" e "Pierrô Apaixonado".
 
 
 

ronaldo fraga faz do spfw um verdadeiro carnaval



 
 

  • Fotos do desfile:

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